quinta-feira, 21 de junho de 2012

Perguntas Sugestivas para a Terceira Prova

1) O presidente do Fed anunciou quarta feira que pretende comprar 276 bilhões de titulos publicos americanos de longo prazo. Vai se financiar vendendo titulos de curto prazo no mesmo valor. Explique como esta operação pode produzir incentivos para a expansão da economia americana.

2) Suponha que a zona do euro sofra pressões inflacionarias. Qual seria o efeito sobre as economias da região?

3) Suponha que os sindicatos americanos conseguissem  negociar aumento de 30% nos salarios nominais. Como isto afeta o nivel de emprego ?

4) As autoridades bancarias europeias decidiram aumentar significativamente o nivel de capital exigido como garantia das operações de emprestimo. Antes, para cada euro emprestado bancos deveriam ter 11% de capital proprio. Agora, esta exigencia passou para 22%. Como a decisão afeta a economia europeia? Como os bancos poderiam contornar esta limitação?

5) O preço do dólar subiu de 1,80 para 2,00 reais. Entretanto, a inflação não aumentou. Comente.

6) O governo está discutindo duas propostas de mudança na politica economica. A primeira propõe aumento significativo do salario minimo . A segunda é manter o salario minimo constante e aumentar a taxa cambial através de compras de dolar pelo Banco Central. Quais seriam as consequencias das duas alternativas sobre o nivel de emprego, o balanço comercial , as reservas .

7) Os consultores monetaristas do Banco Central estão propondo aumentar o prazo da divida publica do governo atraves da compra de titulos curtos e venda de titulos longos em 2013. Os consultores dinossauros propoem exatamente o contrario-- venda de titulos curtos e compra de titulos de longo prazo. Como se explicam as divergencias destas duas opiniões?




domingo, 3 de junho de 2012

Artigo sobre a Grecia de Luiz Carlos Mendonça de Barros


Euro: com o povo ou sem o povo?

Por Luiz Carlos Mendonça de Barros
Uma das coisas que aprendi foi entender a diferença entre pensar a economia de um país com o povo e sem ele. Esta é uma das fontes mais importantes das falhas analíticas em tempos de crise, como vive hoje a chamada zona do euro. Digo isso ao leitor do Valor por experiência própria e não apenas por avaliar erros de terceiros. A crise na Europa é um caso clássico desse conflito quando o povo, via eleições, entra na equação da economia. Certamente por isso, ela está sendo tão longa e dramática e a definição de um caminho de saída, tão difícil.
Uma das características mais importantes da experiência do euro foi a construção de um sistema monetário simples em sua lógica - o câmbio fixo - e que parecia fazer sentido nos momentos eufóricos de sua criação em 1999. O câmbio fixo pode assumir várias formas, fracas ou fortes. As mais fortes são: o chamado Currency Board - quando uma moeda é lastreada em ouro ou em outra moeda com credibilidade - e a união monetária. Nesta, há um compromisso legal e, em tese, irrevogável, de partilha de uma mesma moeda e a adoção de uma política monetária comum, via um Banco Central único.
A união monetária sob o euro iniciou-se com a fixação da paridade entre as moedas nacionais em termos do ECU (a unidade cambial europeia), e que em seguida foi convertida no euro, na razão de 1 para 1. As taxas de conversão para o ECU foram fixadas a partir de estudos e recomendações da Comissão Europeia e, em tese, refletiam o poder de compra relativo entre as moedas naquele momento. Por exemplo, quando o euro foi criado o marco alemão valia nos mercados de câmbio o equivalente a 1,96 por ECU, o franco francês 6,56 e a lira italiana 1.936. No caso da Grécia, cuja paridade foi fixada dois anos depois, a relação era de 340,75 dracmas por ECU.
Não vejo outra saída para a Europa, se não um redesenho da região, com a redução do numero de países.
Nos anos que se seguiram, cada uma dessas economias trilhou seus caminhos junto com seus povos, mas a relação com o euro não mudou. Se a moeda alemã ainda existisse hoje, operadores do mercado avaliam que sua paridade com o dólar deveria estar próxima a 80 centavos de marco. Para os alemães, seria uma valorização de quase 40% em relação ao patamar atual do euro.
Como seria a eficiente e forte economia alemã com uma taxa de câmbio a 80 centavos por dólar americano? Como sobreviveria sua indústria, que tem nas exportações sua grande fonte de vigor e eficiência? Essas observações permitem avaliar o enorme benefício que o euro, com sua banda de países de economia mais fracas, representa para os países de economias mais fortes como Alemanha, Holanda e, por que não, a França.
O outro lado da mesma moeda é o impacto que o euro, com sua parcela importante do marco alemão, têm sobre a economia grega. Certamente o valor implícito da dracma no mercado de hoje seria pelo menos equivalente à potencial valorização do marco alemão, com o sinal trocado. Sendo isso verdade, o "euro grego" ou o "novo dracma", se existisse, deveria valer hoje algo como duas unidades por dólar.
Esse é o maior problema associado à moeda única e que foi levantado por vários técnicos e políticos quando da criação do euro. Trata-se, na sua essência econômica, de um problema de competitividade e de desequilíbrio no balanço de pagamentos dos membros mais fracos. Na sua vertente política, esse problema se transforma em conflitos redistributivos e qualidade de vida ao longo do tempo. A longa história do chamado padrão ouro e dos regimes de câmbio fixo é riquíssima em exemplos de como eles tendem a acabar mal. O que estamos vendo hoje na Europa é certamente um caso limite, dada a complexidade das diferenças das economias e nações envolvidas.
Nas eleições na Grécia em junho dificilmente esse tipo de argumento será utilizado pela sua complexidade e dificuldade de ser explicitado, mas do ponto de vista econômico ele é real e conhecido por muitos. Certamente as mensagens políticas na campanha eleitoral vão ser mais simples e dramáticas por razões óbvias e o essencial será deixado de lado.
Pessoalmente não vejo outra saída, para a Europa, senão um redesenho da zona do euro, com a redução do número de países que o adotam como sua moeda nacional. Para os outros, um processo organizado de saída, com um programa complexo e abrangente de transição, precisa ser enfrentado. Afinal existem países na Europa que pertencem ao projeto político e mantêm suas moedas nacionais como a Suécia por exemplo.
Não me perguntem como fazer essa separação, pois não me sinto preparado para responder essa questão. Mas com tempo e uma decisão política clara não tenho duvidas que a Europa encontrará os mecanismos para que a correção de rumo funcione e devolva à região um clima de normalidade econômica, política e social. Talvez esse passo definitivo na Europa não possa ser tomado agora pois os mercados estão à beira de um ataque de nervos e ainda não existe sequer um consenso entre as lideranças europeias de que este é o único caminho viável.
Com o tempo os europeus vão se convencer que as lições de outras experiências e o drama dos últimos anos em seus próprios domínios não permite outra solução.
Luiz Carlos Mendonça de Barros, engenheiro e economista, é diretor-estrategista da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações. Escreve mensalmente às segundas.



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